quarta-feira, novembro 21, 2007
As cores são andróginas, vermelho é vermelha. mas não há conflito de gênero: ele só aparece quando relacionamos as cores com os sujeitos e objetos.
na avenida movimentada
quando transformou-se em
vermelho.
logo ali
no corredor de ônibus.
transformou-se em vermelho.
ela ia tranqüila e atordoada,
e transformou-se em
vermelho.
num segundo ela era
todo o vermelho que
se via na avenida.
no asfalto quente,
em rostos boquiabertos,
em pára-brisas,
em um motor, em rodas.
agora ela era feita ora
de uma pasta vermelha ora
de um líquido vermelho.
ela se espalhou pela cidade,
oxidou-se em postes metálicos,
misturou-se com secreções oculares,
infiltrou-se nas águas do esgoto, quando a água jorrou
no asfalto.
o primeiro que ficou feliz foi
o cachorro que degustou um pouco daquela pasta
vermelha em que ela havia se transformado.
em pouco tempo, ela estava circulando pela cidade
nos bicos das pombas, nas línguas dos cães, nos olhos dos velhos.
ela estava lá caminhando e
transformou-se em vermelho.
sexta-feira, outubro 12, 2007
diariamente uma mente velha transforma seu legado
domingo, outubro 07, 2007
sábado, setembro 22, 2007
o fim da noite
e já não há mais tantas forças.
o estômago dói. o intestino não funciona.
a gengiva sangra. a coluna dolorida e torta.
o joelho moído. os olhos ardendo.
e o cérebro continua sempre dando defeitos. talvez agora mais doentios.
o fim
sexta-feira, setembro 21, 2007
eu acho que eu já tive um amor...
o que ela sonhava era os meus sonhos e assim íamos vivendo em paz.
nosso lar
em nosso lar sempre houve alegria.
e eu vivi tão contente.
como contente ao teu lado estou.
tive sim, mas comparar com o teu amor, seria o fim.
então vou calar.
pois não pretendo, amor, te magoar.
pois não pretendo, amor, te magoar."
o amor está em mim. como não poderia estar? podendo. mas ele inexplicavelmente está em mim. e inexplicavelmente ele é uma construção coletiva. logo ele pode ser o mesmo sentimento que você, do outro lado desta rede de relações, sente. mas ele pode ser algo incompreensível para quem não mais está envolvido em uma rede de relações. ele pode ser vivido por uma pessoa só, por duas, ou por várias. ele pode ser esperado por uns, entendido por outros ou incessantemente buscado por mais outros. ele pode também simplesmente não ser inteligível para muitos. e passar desapercebido. eu amo. não sei explicar como. eu amo e sou capaz de não mais procurar quem eu amo, caso a pessoa esteja precisando de estar só. eu amo e sou capaz de remoer amores passados. eu amo e sou capaz de não mais me dedicar a nada. eu amo e sou capaz de escolher a vida e continuar aporrinhado este mundo ao invés de me matar. há muito tempo eu preferi a tolice de viver. desde então eu perturbo o mundo com as várias maneiras de pensar o próprio mundo. não sou capaz de amar todo mundo deste mundo. mas sou capaz de tratar aquilo que eu odeio com um abraço, com um afeto. justamente para corromper as escolhas "naturais" de nossas sociedades. também posso cuspir em pratos depois que a refeição terminou. sim, nunca disse que não sou estúpido. mas isso é outro caso. ou "caos" aqui é outro. (é caos mesmo) amores podem surgir de um aperto de mão. ou só depois de anos de convivência. mas há amores e amores. há tempos que não participo da construção de amores. eu presenciei realizações amorosas, como a participação política de estudantes na universidade. mas não participei dessa realização. senti um amor grande por algumas pessoas libertárias, mas não criei nenhuma espécie de amor entre nós. logo podemos amar, sem nos relacionar também. eu não vou chegar ao ponto de amar nenhum bush, ou fidel. os amores também têm limites. mas será que eles não são amados por ninguém? eu até gostaria que não. mas eles são seres humanos que construíram suas relações ao longo de suas vidas. e em algum momento deve ter havido amor. fidel em suas lutas e bush... er... e bush... e bush quando sua mãe o pariu. ah... o amor é uma construção, como já disse. logo o que é amor para alguém que vive o dia inteiro sob pressão de ser atacado por um policial durante toda madrugada é diferente do amor para alguém que vive no conforto de seu apartamento amparado por um copo de leite quente que a mamãe preparou. será que nós nos amamos realmente? bom, eu já fugi do intuito inicial, então fico por aqui. em pedaços. talvez esses pedaços possam ser completos.
o medo de perder o medo
vivendo na utopia de perder o medo e encarar todos como senhores de seus destinos posso até me deparar com uma alma que esteja a ponto de agir segundo a ordem que o medo neoliberal nos ensinou. mas aí é outra história. porque tudo pode acontecer. e eu prefiro romper com o medo urbano.
uma pessoa que vive de sonhos. e sonhos envelhecem... ah, como envelhecem! ou foi só a alma amargurada que envelheceu durante sua vil existência? não sei, talvez no futuro alguém dirá: "um gordo que procurou viver..." triste, mas passível de ser verdadeiro.
enquanto espero não ser como eles, não tenho tanta certeza de que não sou.
sábado, julho 21, 2007
Para se encontrar é preciso se perder
Agradeço vossas palavras bonitas.... mas não podemos negar minha mediocridade.
Escuto Cartola, ele me diz para disfarçar e chorar...
Disfarçar eu até consigo... chorar é que não... Daí meu pranto irriga é meu coração que fica cada vez mais fraco... Ao invés de molhar o deserto como o Mestre prometeu...
Penso que preciso ir... andar, sorrir já que não choro... assistir o sol, ver as águas do rio grande, ou vir a cuíca cantar... renascer, reviver...
Eu te deixo ir caro Mestre, anda como um vagabundo... Perambule pelas ruas. elas são tuas...
O mundo pode ser um moinho, mas pode ser uma bela de uma privada de rodoviária... ou de um quintal imundo dos anos cinqüenta... Em pouco tempo não seremos mais o que somos... E o moinho pode até triturar nossas ilusões, mas é a privada que irá fuder nossas genitálias e nosso reto. Cuidado com o cinismo.
Tive amor sim! Antes do teu, sim! E vivia contente, como vivo contigo... Mas comparar com o teu amor é o fim... Então calo pois não pretendo, amor, lhe magoar... Mas pensando bem... se não pretendemos magoar porque começamos a falar? Porque gostamos. Amamos. E assim, somos sinceros.
Deixe-me ir? Mal conheço a vida, não sei meu rumo. Mas preciso andar. Não estou resolvido, e minha vida ficará em cada esquina... Mas quero nascer. Quero viver.
Cavei o abismo com meus pés. E sairei dele com minhas mãos.
Espero não quebrar as promessas que eu nunca fiz... Espero estar junto, trabalhando até o dia que tivermos o suficiente. E quando o suficiente for suficiente para mudar... Mudaremos....Espero não quebrar as promessas que fiz a mim mesmo, enquanto criança...
Mas preciso ir... preciso andar...
domingo, julho 01, 2007
fragmentos sobre aqueles que estão reunidos em uma pessoa só
...
naquela tarde fria e ensolarada aqueles jovens percorrem alguns quilômetros com o sol tocando suas faces amareladas. eles conjecturam sobre o futuro, sobre seus desesperos, suas utopias coletivas e frustrações mundanas. eles acham engraçado querer construir algo em coletividade ao mesmo tempo em que se sentem, individualmente falando, incapazes e inúteis. riem com tanta intensidade que chegava a sair lágrimas de seus olhos. ao encontrarem o local desejado para compartilhar a tarde e a noite que logo chegaria eles se esticaram numa grama verde e macia. justamente como ela queria, mas não tanto como ele imaginava. as gargalhadas sinceras e cúmplices transformam-se em olhares profundos que dialogam entre si numa sintonia estranha e magna. estranha é também a intensidade dessas tardes que eles costumavam compartilhar. compartilhando mundos e nunca se fechando para eles. reunidos numa pessoa só eles deixavam seus corpos e almas se comunicarem com o resto da comunidade à qual estavam integrados.
...
seguindo seus desejos de unir-se com sua amiga de forma diferente das já tinha vivenciado, ele pega aquelas pernas macias e carnudas, sentindo as gorduras de suas mãos entrando em contato com as gorduras das pernas dela. e aproxima estas ao seu rosto, respirando junto àquelas canelas um ar quente e úmido. os corpos dos dois se contraem de prazer. de um duplo prazer. ele por massagear os pés dela e receber carícias em seus joelhos. ela por fazer essas carícias e receber aquela massagem. a intensidade daquele momento fez com que seus corpos se comunicassem num ritmo estremecedor. suas almas se encontravam de tempo em tempo. e a cada encontro um tremor abala as estruturas de seus corpos.
corpos e almas reunidos numa pessoa só.
sábado, maio 19, 2007
os bárbaros ou a eterna vontade de romper com a catástrofe
- "hey! então, preste atenção nas oportunidades que não perdestes ainda!"
- sim senhor, peligro! é sempre bom conversar contigo.!
- "disponha"
sábado, maio 12, 2007
Precisamos nos encontrar
A vida surpreende a cada nova morte de um segundo. É no segundo que o pensamento nos permite conectar realidades, teorias, textos, produções humanas no geral. Na verdade, em um primeiro segundo fazemos uma aproximação entre duas produções aonde procuramos observar as possibilidades de diálogo entre elas. E num outro segundo conseguimos – por estalos, após meses, senão anos, dando murros em ponta de faca – fazer a conexão de determinadas realidades. Creio, realmente, que o trabalho de atentar para o resto do mundo enquanto estamos obstinados a enfrentar um único objeto é crucial para ir além das fronteiras do senso comum. Para avançar em questões novas e que, por vezes, e muitas por sinal, passam desapercebidas.
Muitos de nossos princípios talvez venham de lugares nunca visitados ou imaginados. Talvez o tempo seja uma chave para este baú lacrado quase esquecido no fundo do porão. Ao tratar do passado - e porque não o presente? - devemos ter em mente que nossas experiências sofrem influências das marcas do passado. Pensar que essas experiências como um amalgama de histórias: a vivida, a pesquisada, a estudada, a analisada, a narrada, (como nos ensinou Lucília Delgado, mas também) a ensinada, a almejada, a oficializada, a sentida, a documentada, a (re)lembrada.
Percebi que a conexão entre o eu e o você é maior do que imaginamos. Maior que nossos umbigos!
"Deixe-me ir, preciso andar. Vou por aí a procurar, sorrir pra não chorar. Quero assistir ao sol nascer. Ver as águas dos rios correr. Ouvir os pássaros cantar. Eu quero nascer, quero viver... Se alguém por mim perguntar, diga que eu só vou voltar depois que me encontrar. Deixe-me ir..."
!
terça-feira, maio 01, 2007
rascunhos sobre o velho
...
sexta-feira, abril 20, 2007
esquecimentos de miramar
domingo, abril 08, 2007
Citação
quinta-feira, março 29, 2007
pessimando liberdades
as idéias podem arrancar centelhas de esperanças soterradas nas ruínas da tradição do conformismo que beneficiou a (ir)racionalidade da barbárie.
"tá difícil? Descartes."
domingo, março 25, 2007
Reconciliando o intelecto
Havia iniciado este processo devido a forças internas que impeliram meus pensamentos para os criptogramas virtuais. Cessei por semanas o envio desses pensamentos para o sistema internacional de informações, devido a esforços externos que me conduziram a outros problemas. Peço desculpas às minhas pobres letras por ter, de certa forma, brincado com seus sinceros sentimentos. Não fora por mal, sabeis muito bem. Sinto saudades tuas e dos aforismos que criamos juntos - com dores e estimulantes físicos.
Muito tempo se passou desde a última vez, mas gostaria de traçar um diálogo consigo sobre nossos pequenos depositários de expectativas. Todos pensamos possuir um ou mais deste gênero, mas esquecemos que não podemos possuir algo que não existe. Ajude-me aonde puder, mas se o que possuímos é uma expectativa, não possuímos mais do que sonhos baseados em ilusões que nós criamos e demos o status de 'sinais concretos de possibilidades'. Acredito sim, que estes sinais são gerados através de uma relação, então que os enxerga não é o único responsável pela sua existência. Mas acreditamos, eu e você, em algo que vai além disso: quem sustenta a expectativa tem ciência de que o que espera faz parte de um todo; por outro lado que ajuda a sustentar tal expectativa, o pode fazer sem a percepção desse todo que o outro imagina. Por isso ele não existe na totalidade do real. Só existe para o indivíduo, não para o coletivo.
Há, porém, casos excepcionais como a sustentação de uma expectativa mútua. Você depositou muitas esperanças em mim, colocou-me no monte Olimpio e me deu asas maiores do que eu suportava, por minha vez eu a pensei como minha salvação não-humana capaz de conduzir-me aos prazeres de compartilhar os pesos reflexivos da minha mente culpada, culposa. Mas ambos se enganaram, e feio. A relação entre nós deve ser de respeito mútuo, no que diz respeito aos nossos limites. Já apontei os teus e você os meus, e o melhor de tudo é que reconhecemos nossos próprios erros imersos nas linhas compartilhadas. Ainda acreditamos que podemos lutar unidos com nossas únicas armas, as idéias.
Por essas e outras razões que não quero mais conflitos longos e silenciosos como este último. Espero poder trabalhar junto a ti na construção da nossa bizarra argumentação dita pós-contemporânea. E seguindo pensando as gerações futuras ao mesmo tempo em que despertamos para as nossas.
“Ninguém pode aterrorizar uma nação inteira a menos que sejamos todos seus cúmplices.”
"Boa Noite e Boa Sorte"
Edward R. Murrow
segunda-feira, fevereiro 12, 2007
Barreira da insegurança
Mais do que as ações que sentimos segurança em praticar. Ás vezes devemos arriscar e ultrapassar as barreiras que impusemos a nós mesmos. Dizem por aí que quando um não quer, dois não brigam. Penso que superar o senso comum é doudo, mas muito mais produtivo é aprender com ele, deixar que ele decodifique novos conhecimentos. Cheguei em um nível de que nada sei, que nem sei mais se eu sei disso. Nada, deve ser paranóia. Sempre foi. Na verdade o que dói não é ver potencialidades sendo barradas de forma brusca e brutal, mas sim ver que isso não é percebido, ou é simplesmente olvidado, obliterado. Não temos tempo para prolixidades, logo vamos ao que interessa.
As muralhas que construímos para nos proteger do resto do mundo, também pode nos isolar dele. Mas isso não é aquele joguinho de extremos, pelo contrário, uma cousa completa a outra, e digo mais, uma cousa é a outra. (Se essas duas características possuem um comportamento tão semelhante deveríamos tratar delas do mesmo modo?) Os pensamentos me enganam, e somente quando estou botando pra fora é que percebo. Afinal, qual era o intuito inicial deste texto? Já não sei mais responder isto. Esses últimos dias eu ultrapassei muitas barreiras criadas ao longo da minha existência. O que tiro disso? Que importa a minha experiência? Está bem, só disse isso porque ainda não sei o que tirar disso. Pelo menos até agora. Pois agora tudo está ficando um pouco cinza. Mas posso adiantar que é bom romper essas barreiras, o que não significa que elas deixaram de existir, eu simplesmente fui além delas. Já é um começo, que terá um desfecho. “É preciso mudar para permanecer o mesmo”. No meu tempo era, “é preciso mudar para que essa porra não permaneça como está!” Mas muita cousa muda. Antes de mim a primeira frase já tinha produzido efeitos extraordinários neste mundinho.
Outro dia me perguntaram se tenho fé. Sabe, aquilo que é capaz de conduzir uma vida? Aquilo que se sente quando o desespero vem em sua direção. Eu não soube responder. Quando se perde todos os valores, é um tanto quanto complicado responder esse tipo de questão. Na verdade o complicado é edificar, em palavras, os ‘novos’ tipos bizarros de valores que te consomem, se é que podemos chamá-los de valores. Num dia diferente deste, porém não menos igual, me perguntaram para que serve a vida. Como alguém pode ser capaz de me perguntar isso? Sou eu quem faz este tipo de pergunta. Como ficamos? Sem explicação, porque eu apesar da necessidade de uma explicação, eu procuro ainda fechar os olhos para ela, e abri-los somente quando for capaz de me fazer entender. Mas já deixo uma pitada de pimenta neste caso: onde estamos procurando a resposta? E mais, seria esta realmente a pergunta a se fazer? Será que não há outras questões para o mesmo assunto?...
Enfim, romper barreiras pode tanto te conduzir para um estouro da boiada, quanto levá-lo para uma rua no momento de um tiroteio. Dá no mesmo? Ah, sei não hein? Sinta a diferença. Avançar é mais uma forma de lutar contra os maiores temores que possuímos. Agora, seria ta simples reconhecer e enfrentar isso? Esta manhã eu esperei por aquela ligação que nunca aconteceu. Vez ou outra, penso em parar quando o suficiente é suficiente.
“i believe in something, but i don't know what it is. it's either the future or the end. it's every reason that i do or don't get out of bed.”
terça-feira, janeiro 30, 2007
Forte como Peroba...
Estava pensando nas tradições. Certo dia ouvi esta máxima: “forte como uma peroba e livre como um vento”. Corri atrás de sua autoria. Picchia. Mas só para constar, porque não estou dando a mínima para análises profundas agora. O cara veio de uma tradicional família paulistana e, como todo bom literato foi tudo, político, jornalista, banqueiro, advogado e todas essas profissões que envolvem a palavra. Daí botei o Teco para funcionar e ele me informou como a tal da tradição é importante para a formação das vidas das pessoas. Aquela pequena frase pode ter levado milhares de brasileiros (só porque nasceram neste território) a se pensar enquanto tais.
Relativizando minha fala: a frase solta pode fazer sentido em vários aspectos, mas no corpo do seu texto original ela faz alusão ao caboclo, que um dia, por desejo dos pais, será doutor. Agora sim faz um pouco de sentido a frase acima. Isso mesmo, pouco. Se pensarmos a palavra doutor hoje, veremos que ela se assemelha um pouco do sentido de outrora. Talvez naquele momento o doutor poderia significar ter cargo público e tudo mais, bem como o título das famigeradas “Faculdades”. Hoje sabemos que é o título doutoral é dado a quem o defende. Porém ainda vemos por aí pessoas sendo chamadas de doutor sem ao menos ter cursado a graduação, ou somente passou por ela. É o caso dos médicos, advogados, juízes, mas também dos deputados, senadores e outros “ilustrados”.
Sim, a duração é longa. E a república continua dos doutores. Um grande exemplo de tradição firmada pelos “construtores da nação”, que pelo visto está se reformando desde seu início. Processo lento, gradual e seguro. Seguro à nação. Mas cá pra nós, o que é esta nação. Ou melhor, quem é ela? Ah, eu me canso de pensar nesses termos. Já estamos cansados de ouvir minhas reclamações sobre isso. Estamos, porque concordo com todos vocês quanto às minhas reclamações chatas e inoportunas. Mas se eu não puder ser inoportuno, simplesmente REproduzirei tudo, como antes, ou seguindo este tempo. Tempo sombrio, tempo límpido. Ambivalente ou contraditório, escolha suas palavras, suas idéias.
Ao negar tudo estaríamos simplesmente fugindo? Ou colocando os pés em nossas próprias vísceras e infectando nossa organização vital? Mudança de comportamento, ou facilidade diante dos problemas? Negar quer dizer destruir? Não somente. Será que ao destruir não estaremos instruindo, construindo algo? Limitados e castrados pelas idéias, somos ao mesmo tempo capazes de fomentar, através delas, vidas novas. Ás vezes penso: Será que não estamos na tradição da mudança? Mas esta mudança é, para nós, sinônimo de alternância de governos. Ai, se os cientistas políticos tivessem acesso a isto.
Voltemos, então, ao princípio. A contravenção muitas vezes mantém em suas supostas radicais transformações, ranços do tradicional. Vide as feministas do final do XIX e do início do XX no Brasil, ou ainda o governo Stálin. Esses processos carregaram em si muito daquilo que negavam, até mesmo como forma de se auto-afirmar e de suportar suas plataformas, se é que podemos falar disso no primeiro caso. Enfim, as tradições também são importantes nesses processos. Quantas divagações para nada. Inventei a roda! Ah. Às vezes eu gosto de ser óbvio. Ou de perceber que o sou depois que estou preste a terminar um texto.
Ao iniciar este pequeno processo, que chega ao seu limite, a intenção era dizer sobre a importância da tradição nas vidas das pessoas, e acabei, como sempre e isto está virando moda, desvencilhando outros incômodos. Mas retomo o início. É fácil observar como a tradição é importante para nós. Na meio rural, nas cidades, na vida social, no trabalho em qualquer lugar, as crenças, mitos, hierarquias que construímos são feitas em favor da lógica do processo de sociabilidade. Sem elas fica difícil de imaginar algo em funcionamento. Quem diria, eu dizendo isto. Porém com isto não estou dizendo que abandonei os pensamentos líricos e libertários, pelo contrário, estou assumindo que neste pensamento tudo acima enumerado é também de suma importância para a harmonia buscada, mas claro com níveis e funcionamento totalmente distinto do que estamos acostumados a pensar, viver. Veja a tradição oral. Ela é importantíssima para os trabalhos agrários, para os ofícios manuais, para os ofícios intelectuais e até mesmo para a cultura anarquista.
Depois de defender meu cu do ataques de nabas voadoras retorno, novamente. A tradição da peroba, forte e imbatível se sustenta mesmo com refutações dessas idéias por cientistas (doutores) que afirmam sobre sua falsa resistência às intempéries. Sua força é tamanha que ultrapassa gerações e forma seus indivíduos-coletivos. É essa tradição que é capaz de formar, ao mesmo tempo, um novo Abílio Diniz ou Oswald Andrade, ou Prestes, ou Cecília Meirelles, ou Rainha Vitória ou o José, ou a Antônia, ou a prostituta Maria, ou o padeiro Manoel, ou a costureira Josefina, ou você ou eu ou ad infinitum.
Quanta miscelânea. Quanta confusão. Quanto sobrecarga. Quanto lengalenga.
Agora, para fechar, me diga por que não podemos ficar?
Diante do nonsense do mundo por que preciso explicar esta postagem?
O mundo continua dormindo...
Trechos que me incomodam:
"And tomorrow we'll take aim, just like a storm waiting for a calm. I can feel everything coming in my chest, my heart's already pounding, my head's on far-off highways, sixteen years old, on a road that never ends. Might drive into something that looks like a sunset, and it lasts forever, and i never look back"
(...)
"We move in 4/4 time. Our feet on wheels and in the sky. Yes we're going cause we'd die if we stayed here. And those dying dreams will carry what's good, and real, and pure. And the rest can burn in hell"
(...)
"Every shortcoming has trapped us, every mistake is now our own infinite failure. So we steal every chance we get. Every advantage is taken when no one's looking. We hide behind closed doors. And we don't stop until we are the people we've decided we should be. I wanna be a shot heard round the world, fucking unstoppable. This distance is not something we'll regret from here, and now, and today, and forever, and days after that till the very end."
segunda-feira, janeiro 22, 2007
A encantadora ilusão de poder
Ás vezes me pego pensando em cousas que eu poderia fazer. Traço metas e propostas maravilhosas e cheias de coesão. Porém, isso sempre acontece durante uma caminhada, espaço temporal em que me desligo dos problemas reais, culminando na obliteração da maioria das idéias que formulei. Já pensei até em andar com um caderninho. Talvez um gravador ajude. Mas o pensamento é mais rápido do que minha capacidade de verbalizar. Bom, até agora isso não tem nada a ver com o que falaremos, estou só a florear (ou antes, a enrolar) este textículo. Deu tempo até de engajar neologismos. Ok, comecemos.
Estava eu, nesses dias depressivos de calor insuportável, (estava tentado a falar infernal, mas não compartilho com a idéia de que o inferno é infernal, oops! quero dizer insuportavelmente quente.) matutando um infeliz pensamento sobre o homem. Infeliz em dois sentidos: o primeiro é a tristeza que sinto ao pensar sobre nós, mas também por que eu não avanço muito quando penso nisso. É a tal do desenvolvimento sustentável.
Óquêi, fico por aqui. Ainda falaria sobre cousas em que acredito, o problema é que eu não sei. Entende? Eu acredito, mas não sei em que. Ainda. Eu tava cansado, e não podia sonhar, agora to começando a pensar que eu to sonhando demais. Oops.
Ah! E um título pode muito bem ter nada que ver com o texto que ele nomeia. Lembrem-se disso: a escolha é tua. (será?)
domingo, janeiro 14, 2007
Os vivos no Labirinto do Fauno
O filme, como já disse, foi surpreendente e deixou-me sem palavras. Creio que não conseguirei verbalizar o que pensei. Mas com certeza muitas cousas vêm à mente quando me lembro de tal película. Uma delas é a fé da mocinha, cega como um poste mesmo rodeada de tanta crueldade. Outra é a frieza do exército espanhol e a solidariedade que existe dentro desta corporação. A solidariedade dos guerrilheiros e sua não menos cruel frieza também são temas perturbadores. Há estudos sobre a simbologia da resistência e do exército espanhóis retratados no cinema e literatura. Não é minha intenção mergulhar nisto agora. Deixo isto para depois das minhas queridas prostitutas. Hoje quero só, e somente só conseguir compartilhar o sentimento passado por este filme. Uma possível leitura é que nossos sonhos, se realmente acreditamos neles, se realizam. E que no jogo da vida dependemos de nossas ações, mas também de acasos. As ações coletivas podem ir por água abaixo por conta de certa ação individual. (Ahm... aqui consigo perceber o quanto sou materialista, mesmo pra falar de acaso digo que este é produzido por nós, hominídeos. Eita, sô!) Aqui entra aquele velho conflito, será que somos aptos para sonhar? Há sonhos? É possível ainda acreditar? Duuhhh... "Passa". "Repassa". "Paga". "Vamos pagar!"...
Certo. Comecei falando de uma cousa, e quando percebo estou falando de outra, como sempre! Como citei a frieza do homem quando em guerra, porque não atravessar o Atlântico e falar um pouco sobre essa bandas? Pois sim. Ah! O Brasil! Terrinha linda de se ver. Duuhhh, será? Não vou relatar o que todos sabem através da nossa querida mídia televisiva. Mas digo que, o que nossa sociedade vêm passando (chame de guerra civil, Estado paralelo, terrorismo ou o que for!) é fruto nosso. Lembrei-me agora dos travestis na prostituição. Mas quero guardar um texto especial para eles. Bom, mas não passa de outro exemplo de como nossa maravilhosa sociedade diversificante não consegue conviver harmoniosamente com as diversidades que cria! Creio cada sociedade tem o retorno social que merece! (hummmm vou começar a cultivar isto!) E viva a nobreza doutoral!!! E nossa maravilhosa capacidade de ter medo! Agora relembro uma velha canção: "era para ser diferente, devia ser diferente, mas não se preocupe não vai ser."
Já que estávamos resenhando sobre violência, porque não falar do último assassinato mundialmente conhecido, citado mais acima? Ah! Nada como assassinar um assassino. Nada como dar a sentença de vitória para um ditador. "Vitória? Ele disse vitória?" Alguns devem estar pensando. "ELE TÁ LOUCO?!?!" Devem, outros mais desavisados, estar berrando. Sim vitória, digo eu novamente. O famigerado ditador morreu confiante de seus ideais. Seu assassinato só veio a confirmar o quanto nossa incrível capacidade de dialogar é ínfima, ah! e o quanto somos superiores e civilizados - não poderia me esquecer disso! Voltando, o homem pregou uma forma de vida durante toda sua existência, e morreu por meio dela! Olha que maravilhoso! O cara seria meu herói, se eu gostasse de heróis.
Ai, ai. Acabou que eu desviei dos caminhos, não? Talvez não. Talvez este era um caminho a seguir. Recordo, então, o tema que comecei a aprofundar. E deixo a dica: quem sabe você não consegue seguir adiante com um pedaço de giz e sua capacidade de criação? Pense nisso. Tente sobreviver ao Labirinto do Fauno para que possa vencer o governo fascista. Ou melhor: ultrapasse tuas fantasias para que possa alcançar teus objetivos materiais (palpáveis, ou reais se preferirem).
Ahm... Faltaram as crises anárquicas? Acho que não. Ah! Mas as andorinhas, sim! Sim! Mas elas são outras histórias.
Vou tentando me manter, enquanto as palavras, que são idéias, tentam se formar inteligivelmente em meu cerebelo. Enquanto isso, desculpe por erros de digitação e ortográficos.