sábado, maio 12, 2007

Precisamos nos encontrar

A vida surpreende a cada nova morte de um segundo. É no segundo que o pensamento nos permite conectar realidades, teorias, textos, produções humanas no geral. Na verdade, em um primeiro segundo fazemos uma aproximação entre duas produções aonde procuramos observar as possibilidades de diálogo entre elas. E num outro segundo conseguimos – por estalos, após meses, senão anos, dando murros em ponta de faca – fazer a conexão de determinadas realidades. Creio, realmente, que o trabalho de atentar para o resto do mundo enquanto estamos obstinados a enfrentar um único objeto é crucial para ir além das fronteiras do senso comum. Para avançar em questões novas e que, por vezes, e muitas por sinal, passam desapercebidas.
Muitos de nossos princípios talvez venham de lugares nunca visitados ou imaginados. Talvez o tempo seja uma chave para este baú lacrado quase esquecido no fundo do porão. Ao tratar do passado - e porque não o presente? - devemos ter em mente que nossas experiências sofrem influências das marcas do passado. Pensar que essas experiências como um amalgama de histórias: a vivida, a pesquisada, a estudada, a analisada, a narrada, (como nos ensinou Lucília Delgado, mas também) a ensinada, a almejada, a oficializada, a sentida, a documentada, a (re)lembrada.
Percebi que a conexão entre o eu e o você é maior do que imaginamos. Maior que nossos umbigos!
"Deixe-me ir, preciso andar. Vou por aí a procurar, sorrir pra não chorar. Quero assistir ao sol nascer. Ver as águas dos rios correr. Ouvir os pássaros cantar. Eu quero nascer, quero viver... Se alguém por mim perguntar, diga que eu só vou voltar depois que me encontrar. Deixe-me ir..."
!

8 comentários:

mauro F disse...

E que lindo texto o seu também, meu carlos!

Não sei mais se me encontro.

Na verdade eu só quero saber de ferver.

Ferver no verão e sofrer com o frio.
Beijo!

. disse...

No invetário de nossas vidas, catalogamos muitas experiencias. Mas alguém um dia falou que a vida pode ser resumida a poucos momentos que realmente valeram a pena. Talvez porque foi nesses momentos que você pode se encontrar de fato. Mas você esta aí... é só procurar.

beijo gordo

lévia disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
lévia disse...

quando se encontra, o que resta? acho que a busca é a parte mais legal! e mesmo porque pode ficar a impressão de que tem mais a se buscar, logo a sensação nunca será "encontrei finalmente" !!!! ou será que sim?

BJO gorducho!

lévia disse...

"O Homem é a única criatura que se recusa a ser o que é." Albert Camus

BJO pro gordo!

Anônimo disse...

Beeem maior que nossos umbigos e bunda-lelês.

Anônimo disse...

é só marcar....

Helena disse...

É meu amigo, temos que lembrar de uma história pregressa anterior mesmo a nossa chegada nesse planeta e nessa existência que chamamos de terra e vida. Temos que lembrar da vida profetizada, aquela escrita no imáginario das nossas figuras parentais. Enfim: a vida estigma. Aquela que, de uma maneira ou outra, sentiamo-nos obrigados a cumprir. Acredito que as pedras que encontramos, sao a materialização do conflito subjetivo de tentar adequar nossa vida real (real?) àuqela vida herdada dos sonhos de nossos pais.
Adorei conhecer seu site e adorei conhecer seus escritos... não tenho tido muito tempo pra ler e escrever pois trabalho de housekeeper (doméstica pra ser mais clara hahah) aqui nos USA. Minha patroa teve um baby agora e me promoveram a babysitter. Agora não sobra quase tempo, mas sempre que dá uma folga eu venho aqui pra ver se você escreveu algo.
Um beijo
Helena Antoun (helenaantoun@gmail.com)