II
ela chegava em casa de manhã cedo, tirava a blusa a deixava no canto do seu quarto e preparava um café forte. ainda dava tempo de tomar o café conferindo as correspondências que pegava na portaria antes de tomar uma ducha. era sempre uma ducha fria e rápida. ela costumava dormir depois disso até duas horas. mas naquele dia tinha um compromisso às três. ela havia marcado de passar o som com o convidado especial da noite em uma das casas noturnas em que trabalhava. na verdade era mais para fazer um social. levar o cara para conhecer a casa, depois uns drinks e talvez alguma coisa sólida para colocar no estômago. ela sentia falta de sua companhia, que havia lhe deixado há alguns meses. mas as coisas já estavam se ajeitando. ainda havia vestígios das últimas horas de prazer e tesão em sua cama. uma blusa esquecida e a mistura do perfume das amantes. ela conseguiu lembrar um pouco desses momentos e cochilou. acordou atrasada, porque ainda tinha que atravessar a cidade para receber o seu parceiro de trabalho. correu para pegar o ônibus e ocupou com destreza a última vaga naquele enlatado humano. com o tempo os usuários desse transporte desenvolvem uma espécie de mucosa nas roupas que os fazem escorregar por entre os corpos ocupando um microespaço, por vezes pouco ventilados, até seu destino final. conseguiu, enfim, chegar na casa noturna e cumpriu seu papel de anfitriã até o início da festa. ela era boa nisso, apesar de não gostar da idéia de ter que ser o guia da vez. mas ela sabia se entreter com as pessoas e gostava de lidar com elas. o trabalho foi calmo, com surpresas musicais interessantes, mas nada de excepcional. ela conheceu uma garota interessante, com quem trocou contatos. mas ela voltou para casa sozinha. tirou a blusa e tomou uma xícara de café. pensou consigo mesma que poderia ligar para sua antiga companheira, mas sabia que era estupidez. guardou essa idéia no seu baú de lembranças e, então, tomou uma ducha e se deitou.
ela chegava em casa de manhã cedo, tirava a blusa a deixava no canto do seu quarto e preparava um café forte. ainda dava tempo de tomar o café conferindo as correspondências que pegava na portaria antes de tomar uma ducha. era sempre uma ducha fria e rápida. ela costumava dormir depois disso até duas horas. mas naquele dia tinha um compromisso às três. ela havia marcado de passar o som com o convidado especial da noite em uma das casas noturnas em que trabalhava. na verdade era mais para fazer um social. levar o cara para conhecer a casa, depois uns drinks e talvez alguma coisa sólida para colocar no estômago. ela sentia falta de sua companhia, que havia lhe deixado há alguns meses. mas as coisas já estavam se ajeitando. ainda havia vestígios das últimas horas de prazer e tesão em sua cama. uma blusa esquecida e a mistura do perfume das amantes. ela conseguiu lembrar um pouco desses momentos e cochilou. acordou atrasada, porque ainda tinha que atravessar a cidade para receber o seu parceiro de trabalho. correu para pegar o ônibus e ocupou com destreza a última vaga naquele enlatado humano. com o tempo os usuários desse transporte desenvolvem uma espécie de mucosa nas roupas que os fazem escorregar por entre os corpos ocupando um microespaço, por vezes pouco ventilados, até seu destino final. conseguiu, enfim, chegar na casa noturna e cumpriu seu papel de anfitriã até o início da festa. ela era boa nisso, apesar de não gostar da idéia de ter que ser o guia da vez. mas ela sabia se entreter com as pessoas e gostava de lidar com elas. o trabalho foi calmo, com surpresas musicais interessantes, mas nada de excepcional. ela conheceu uma garota interessante, com quem trocou contatos. mas ela voltou para casa sozinha. tirou a blusa e tomou uma xícara de café. pensou consigo mesma que poderia ligar para sua antiga companheira, mas sabia que era estupidez. guardou essa idéia no seu baú de lembranças e, então, tomou uma ducha e se deitou.
3 comentários:
que bom que voltou a escrever por aqui!!
=)
relamente, nunca é bom se deixar levar pela vontade de ligar para antigos companheiros...
bom, também, esse segundo fragmento. interessante como o Barrão dos textos enchurradas de idéias aparece em alguns trechos, como na descrição do ônibus. também vejo que faço isso nos meus textos, as vezes a narrativa vira pretexto para questões panfletárias nossas. isso não é mal.
e, como no fragmento anterior, há essa contraposição entre a rotina, o mundo exterior e a solidão dos personagens.
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