pode
ser que eu tenha nascido com um corpo atormentado, ilusório como a
imensa montanha; mas é um corpo cujas obsessões servem para alguma
coisa; e percebi, na montanha, para que serve a obsessão de contar. não
houve sombra que eu deixasse de contar ao vê-la dando voltas ao redor de
alguma coisa; e muitas vezes foi somando sombras que cheguei até
estranhos lugares. vi, na montanha, um homem nu debruçado numa grande
janela. sua cabeça era apenas um buraco, uma espécie de cavidade
circular na qual, conforme a hora, aparecia o sol ou a lua. seu braço
direito estendia-se como uma barra, o esquerdo também era uma barra, mas
mergulhado em sombras e dobrado.
quarta-feira, julho 02, 2014
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