...mas acontece que uma realidade encontra a outra, o passado reclama o respeito aos seus títulos, o presente, a princípio, inclina-se diante da primazia e nobreza do passado, mas reclama e quer impor os seus próprios valores, pois o que vive tem sempre razão. Nem sempre nessa luta o presente vence o passado, ou aceita apenas aquilo que é vivo do passado; muitas vezes o passado derrota o presente e faz nascer um futuro alquebrado. O dever do historiador não é para com os mortos, nem o culto do passado pelo passado deve ser nosso princípio. É em nome do presente que julgamos o passado, pois não há passado puro e único, mas mutável como a história, de acordo com a visão interessada do presente. JR
Temos uma responsabilidade pelos fatos históricos em geral e pela crítica do abuso político-ideológico da história
As relações da História com o Presente da História com a Vida e com a Ação têm sido tratadas por filósofos, pensadores e historiadores. É a História um poder ativo, que determine ou condicione o presente, que nos force ou nos sugira meios de ação, agens ou potente da vida? JR
O cronista que narra indiscriminadamente os acontecimentos, sem distinguir grandes e pequenos, leva com isso em conta a verdade de que nada do que jamais aconteceu pode ser dado por perdido para a história. Certamente, só à humanidade redimida cabe o passado em sua plenitude. Isso quer dizer: só à humanidade redimida o seu passado tornou-se citável em cada um dos seus momentos. Cada um dos momentos vividos por ela torna-se uma citation à l’ordre du jour – dia que é, justamente, o do juízo final. WB
Deus não é dos mortos, mas dos vivos, porque, para ele todos são vivos. A história também não é dos mortos, mas dos vivos, pois ela é a realidade presente, obrigatória para a consciência, frutífera para a experiência. A vida e a realidade são história, gerando passado e futuro. JR
A história universal pode atingir uma variedade maior. Por uma teoria das multiplicidades por elas mesmas, no ponto em que o múltiplo passa ao estado de substantivo. As multiplicidades são a própria realidade, e não supõem nenhuma unidade, não entram em nenhuma totalidade e tampouco remetem a um sujeito. As subjetivações, as totalizações, as unificações são, ao contrário, processos que se produzem e aparecem nas multiplicidades. Os princípios característicos das multiplicidades concernem a seus elementos, que são singularidades; as suas relações, que são devires; a seus acontecimentos que são hecceidades (quer dizer, individuações sem sujeito); a seus espaços-tempos, que são espaços e tempos livres; a seu modelo de realização, que é o rizoma (por oposição ao modelo da árvore); aos vetores que as atravessam, e que constituem territórios e graus de desterritorialização. Em todo caso, a questão é: onde e como se faz tal encontro? GD&FG