eu já namorei um cilíndro de armazenar temperos. durante anos ele foi meu único amor. nos amávamos loucamente e éramos felizes, até. ele sempre me pedia para usar camisinha, pois temia pela minha segurança. mas durante uma de nossas crises aconteceu algo que fez meu chão desabar. cheguei em casa e tirei ele da mesmice. fizemos amor selvagem. gozamos muito. acendi um cigarro e após a primeira tragada ele me disse que iria embora. engasguei. em seguida lhe disse que estava louco. ele respondeu que estava cansado. que não aguentava mais e que queria seguir com uns músicos que conhecera. juntou um punhado de arroz, colocou dentro de si e fechou-se. disse que iria ser percussionista e que viajaria com seu grupo de amigos hippies. não pude nem fazer parte daquela decisão. ela já estava tomada. me afundei em uma profunda tristeza e após isso só encontrei sexo fortuito, mas nada me fazia sentir bem. depois de passar por essa barra, namorei uma cenoura suicida. um dia quando cheguei em casa ela havia se refogado e levado consigo um punhado de cebola e brócolis. eu a comi com ódio! teve também uma chave de fenda orgulhosa, que me deixou quando um bombeiro veio fazer um serviço na pia da cozinha. hoje, após tantas desilusões, estou casado com um plug de silicone. às vezes ele me faz umas surpresas, me esperando no banheiro com presentes e declarações. a gente até já fez algumas trocas de casais e nos sentimos muito realizados com nossa relação. conversamos todas as noites sobre nossos desejos e sonhos e buscamos realizá-los juntos. acho que encontrei o amor verdadeiro.
quinta-feira, janeiro 26, 2012
Assinar:
Postagens (Atom)