sexta-feira, novembro 05, 2010

angustias oníricas

estávamos em viagem. parecíamos andar sem destino fixo. passávamos de cidade em cidade, hospedando-nos em hotéis e casas abandonadas. assim que saímos da última parada senti que faltava algo. mas não sabia o que. havia esquecido minhas coisas num hotel. uma sacola com alguma coisa para vestir, ler e beber. só me dei conta quando chegamos na nossa próxima morada temporária. falei com quem dirigia o ônibus que tinha perdido minhas coisas e ele disse que eu conseguiria encontrar. adentrei prédio adentro e fiz o reconhecimento do ambiente. me acomodei em um quarto. minha mãe estava lá, e mais algumas pessoas. uma televisão estava ligada e as pessoas assistiam a um filme. enquanto isso procurava como um louco. mas não encontrava as coisas. passei a vasculhar todo o prédio, que mais parecia uma construção literária de machado ou azevedo. tava mais para um cortiço, ou cenas do kusturica. ora chão batido, ora terra e cimento. com armários cheios de utensílios e com poucos mantimentos. luzes vermelhas e amarronzadas. entrei num corredor que me conduziu até um aposento escuro. numa das paredes havia uma janela e um caixote que servia de calço para olhar a abertura da janela. era do tamanho de uma cabeça. e dava para uma sala escura, mas com luzes azuis que pareciam se emanar de uma outra televisão. olhei a televisão e passava um filme. numa das três camas, que estava logo abaixo da pequena janela, estava meu avô, que já havia falecido. ele estava dormindo, mas acordou e ficou ali com um sorriso no rosto. sai a procura de meu tio, que era, na verdade, o motorista do ônibus. ele estava numa cama com uma mulher. pediu para que eu acendesse a luz. relutei. eles insistiram. acendi. expliquei que não encontrava minhas coisas e que tinha deixado na última parada. ligamos para o dono do lugar e ele ficou de guardar para nós. algum dia, quando passássemos de novo pela cidade, pegaríamos tudo. fiquei muito aliviado. acordei querendo tomar um café.